O Fim Do Valor
Eis o tudo que é nada, o dinheiro deus
A quem o homem vive agrilhoado
Como no Cáucaso duro, o velho Zeus
Ao pobre Prometeu fez no passado
Um cativo aqui dos erros seus
Outro por leis imigas condenado
Um que o fogo nos deu p’ra ser usado
Em prol da ventura e bem humano
Outro por interesses arrastado
Teceu por si próprio o seu engano
Percebendo tarde que o Mercado
Em vez de seu escravo é seu tirano
Assim o dinheiro o escravizou
Ao jugo de trabalho prepotente
Trabalho que morreu mas não levou
Com a sua morte o mal presente
Porque o Sistema nunca funcionou
Apesar de humano, humanamente
Nunca Dédalo um dia imaginou
Que o seu Labirinto poderia
Ser o próprio mundo onde o habitou
Num longínquo futuro que não previa
E Ariadne já se retirou
Com o fio que Teseu se conduzia
Se o Homem do um mundo produtor
Deixou de produzir, hoje consome
Mas ser sem produzir consumidor
Com que Valor se calça, veste e come
Eis a babilónia do Valor
Onde Babel foi buscar o nome
Retirada por fim a produção
Da humana mão que conduzia
Nada mais terá valoração
Porque o Valor morreu no mesmo dia
Possa embora a terra dar o grão
E a máquina fazer mercadoria
Valor, rei supremo, rei senhor
Que a cegueira do lucro alimentou
Tu és o rei do nada, o mal maior
De quanto mal a Terra já gerou
A ilusão dum mundo superior
A última ilusão que se apagou
Não vê a gente sábia e ilustrada
Que na teta do Valor sempre mamou
Que foi a sua nau já afundada
Na infundada rota que traçou
Porque zarpou do nada para o nada
E o nada foi o tudo onde chegou
Quando por Lâmia doce, Lâmia bela
Júpiter, deus supremo, suspirava
Juno ciumenta da donzela
A transformá-la em monstro se apressava
Tornando em desgraça a graça dela
Que vingança menor lhe não chegava
Também o nosso deus, deus derradeiro
Disfarçado entre nós com manha e arte
É um monstro que abraça o mundo inteiro
Como a ira de Juno em toda a parte
O tudo que é nada, o deus dinheiro
Atrás de que se arrasta o fero Marte
Abul-Ala al-Maari
Lisboa, Agosto 2009
Eis o tudo que é nada, o dinheiro deus
A quem o homem vive agrilhoado
Como no Cáucaso duro, o velho Zeus
Ao pobre Prometeu fez no passado
Um cativo aqui dos erros seus
Outro por leis imigas condenado
Um que o fogo nos deu p’ra ser usado
Em prol da ventura e bem humano
Outro por interesses arrastado
Teceu por si próprio o seu engano
Percebendo tarde que o Mercado
Em vez de seu escravo é seu tirano
Assim o dinheiro o escravizou
Ao jugo de trabalho prepotente
Trabalho que morreu mas não levou
Com a sua morte o mal presente
Porque o Sistema nunca funcionou
Apesar de humano, humanamente
Nunca Dédalo um dia imaginou
Que o seu Labirinto poderia
Ser o próprio mundo onde o habitou
Num longínquo futuro que não previa
E Ariadne já se retirou
Com o fio que Teseu se conduzia
Se o Homem do um mundo produtor
Deixou de produzir, hoje consome
Mas ser sem produzir consumidor
Com que Valor se calça, veste e come
Eis a babilónia do Valor
Onde Babel foi buscar o nome
Retirada por fim a produção
Da humana mão que conduzia
Nada mais terá valoração
Porque o Valor morreu no mesmo dia
Possa embora a terra dar o grão
E a máquina fazer mercadoria
Valor, rei supremo, rei senhor
Que a cegueira do lucro alimentou
Tu és o rei do nada, o mal maior
De quanto mal a Terra já gerou
A ilusão dum mundo superior
A última ilusão que se apagou
Não vê a gente sábia e ilustrada
Que na teta do Valor sempre mamou
Que foi a sua nau já afundada
Na infundada rota que traçou
Porque zarpou do nada para o nada
E o nada foi o tudo onde chegou
Quando por Lâmia doce, Lâmia bela
Júpiter, deus supremo, suspirava
Juno ciumenta da donzela
A transformá-la em monstro se apressava
Tornando em desgraça a graça dela
Que vingança menor lhe não chegava
Também o nosso deus, deus derradeiro
Disfarçado entre nós com manha e arte
É um monstro que abraça o mundo inteiro
Como a ira de Juno em toda a parte
O tudo que é nada, o deus dinheiro
Atrás de que se arrasta o fero Marte
Abul-Ala al-Maari
Lisboa, Agosto 2009
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